segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Insônia

quando,
na noite,
os pensamentos
falam demais.





Andressa Liz

sábado, 27 de setembro de 2014

Ausência

Passou-me o sorriso
a imagem estática daquele momento
gravada na cabeça
dissipou-se através do tempo
não vi teu rosto
não vi tua calma
apenas a demora,
e no relógio a hora
que me separa do dia.
Desejei aquela presença
o efêmero sorriso que transborda
as nuances da noite em meu rosto
Não é como fogo que queima
apenas inquietude que incomoda
quando lembro da presença
que me acompanha, solitária
noite a dentro.



Andressa Liz

Coisas

Sempre achei que bons poemas
Deveriam ter títulos simples
Como o som da chuva
caindo no telhado.
É porque não penso que existam coisas
Senão coisas simples que são
A início apenas o que vemos que são
Por isso vinhos são uvas
Florestas são árvores
E jardins são flores.
Não seriam constelações as estrelas que não fossem átomos
Nem nós seriamos nós se não fôssemos estrelas.
Por isso a chuva cai no telhado
e as palavras e seu significado
São as coisas várias que transitam
De mim ao teu lado.
E o sentido em suma
Preservado em poucas palavras
Se conecta com as coisas várias
Que são minhas infinitas.
Por isso escrevo,
Não seria eu se não fossem flores
Nem vinhos se não fossem árvores,
Nem florestas se não fossem uvas
E ainda jardins se não fossem estrelas.
As coisas são sempre apenas coisas
Em meus vários escritos
E seus diversos significados
Eu sou apenas eu
E nós somos apenas nós.


Andressa Liz

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Damascos

Já escrevi uns tantos quais poemas
Nenhum deles me saceia,
No entanto, quanto pranto
Me restam as palavras.
Disse-me uma vez que
Gostava de damascos
Hoje os vejo na geladeira
Mas não os como.
E acordo, quando noite
Não sei o que sonhei
Mas sinto que aconteceu
E de olhos abertos fico mais calma
Não era o que eu pensava.
A noite prega peças,
Não fosse o ar quente do cerrado
Ainda estaria sonhando.
E por fim o que faço
Escrevo poemas, quando posso
Quanto aos damascos na geladeira,
Apenas não os toco.



Andressa Liz

domingo, 21 de setembro de 2014

Setembro

"Os dias são curtos e as noites são longas,
ambas as coisas me levam a sorrir.
Te amo. Estamos em setembro"
Escreveu-me,
a pessoa que deu origem à minha história
e comigo conviveu durante minhas piores tormentas.
O mar nunca esteve calmo,
mas já é quase primavera
e a brisa fresca da manhã
de hora em hora é o suficiente para nos tranquilizar.
Por vezes que leio, choro
penso que deveria partir
mas quando vou eu imploro para voltar.
E quando essa pessoa se for,
não terei mais como voltar,
porque voltar, pra onde voltar
ficaria para sempre perdida em meio as tormentas
insistindo na convivência perfeita
quando nela não há nunca perfeição.
O tempo seria perdido,
se algum dia eu de fato ir;
Em meio aos destroços permanecem os risos
e apenas por eles eu consigo ficar
por mais que os dias virem noites
e palavras se tornem arrependimentos.
Eu te amo, nunca respondi
mas ainda estamos em setembro.


Andressa Liz

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Natureza-morta

Era o amor que transitava
entre sorrisos e lágrimas
cravado na eternidade
das coisas efêmeras.
Era o teu riso que aqui chegava
pouco tempo antes de tu partir
e as palavras que ecoavam na minha cabeça
gritavam onde apenas eu poderia escutar.
Eram palavras presas na garganta
o instante exato onde eu vivia
pouco antes de morrer.
Era o amor que transitava
na linha tênue
da vida e da morte
Então aprendi que amar efemeridades é amar fora do tempo,
ilimitadamente,
amei teu riso,
amei minhas lágrimas,
amei sua presença
tanto quanto tua ausência
e enquanto vivia e morria
me encontrava
fora do tempo.




Andressa Liz

domingo, 14 de setembro de 2014

Café

O café custava algumas moedas
mas o cansaço vinha de brinde
O que tentar esconder com preocupações travestidas de insônia?
O longo monólogo das vozes ecoando em minha cabeça
Quantos ouvidos surdos a procurar por minha companhia
Mal percebiam eles o quanto eu gritava em todos os meus silêncios.
Diluí o açúcar no café
Não quis sentir o gosto amargo que me mantinha acordada
Era como a vida, tomar café.



Andressa Liz

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Hoje coloquei açúcar no café.
A vida já estava amarga demais, pensei.




Andressa Liz
Têm pessoas, que
entre uvas e morangos
eu prefiro peras.


Andressa Liz