domingo, 27 de abril de 2014

Enganou-se, meu bem
pensando que eu era calma,
Se não estou queimando por fora
é porque queimam-me a alma.





Andressa Liz

Um poema de amor efêmero

Teu sorriso aqueceu minha pele fria do vento gelado
mas ateou ainda mais fogo no meu coração
tenho tanto o que pensar
mas tudo o que penso tem sido em ti
e teus sorrisos, tuas graças, tuas caretas
A simpatia que me pegou desprevenida
e o calor que me aqueceu a alma.
Hei de dizer como querem que nos tornemos frios
icebergs solitários e superficiais
que escondem seu tamanho colossal
como nossos sentimentos.
Não consigo esconder o que sinto,
de nenhuma forma possível
meio inconsequente, louca ou talvez desequilibrada
o sentimento foi incerto
mas teu beijo foi bem certo
como escapar de algum abraço teu, ou do teu cheiro
que ainda está gravado em mim
tal como todas tuas palavras em meus pensamentos.
Eu sempre aceitei tudo que eu tinha
mas não me contento por não poder estar tão próxima de ti.
Compreendo todas essas situações
e as complicações do amor
todas as paixões efêmeras banais
ou sofrimento ou dor.
Os nossos momentos foram eternos
e passaria a noite toda ali nos teus braços
mesmo sabendo que esse 'nós' está bem distante de ser apenas nós
ansiedades, angústias
entre meus contentos por ainda podermos ser apenas nós
em alguns momentos.
Uma declaração boba, um carinho grande
uma saudadezinha alarmante pelo momento que acabou
o tchau que pareceu um adeus
não sei quando nos veremos,
nem sei as importâncias a serem dadas para o que restou de nós
Não sei mais o que restou de mim, depois desse dia
Mas há um tanto de ti por aqui agora
e definitivamente não sei o que fazer de tudo isso a essa hora,
lembranças, marcas, anseios e saudades.
Viver dia após dia nem sempre é fácil
mas não é como se tivéssemos escolhas.
Seremos complicações nos corações alheios
se antes formos complicações para nós mesmos.
O curioso é como sou indecisa para tudo
menos para saber que o que quero em meu coração é tua presença
enquanto tu decidido para tudo
complica-se com decisões de amores.
Enquanto isso, fico aqui no meu canto, devaneando
decifrando aromas, cores
olhares e sabores.
Todos vindos de ti, diretamente para meu pensamento
cravando-se aos poucos em meu coração.


Andressa Liz


quinta-feira, 24 de abril de 2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

Uma nota sobre o amor

Não sejamos adeptos de uma ideologia que nos ensine como amar, seja ela livre ou monogâmica, sejamos adeptos da liberdade com que podemos criar e recriar nossas diversas relações de amor e possamos amar do nosso jeito quem amamos. Sem imposições alheias e sem escrúpulos ou determinismos, apenas amor. Rótulos existem para vender produtos.




by Liz
Por que insistimos tanto em ser o que não somos?
Ou por que temos tanto medo de perder o que não temos,
sendo quem não somos?
E o que somos?
Agindo sempre como se fôssemos algo a mais,
fomos pela metade
onde queríamos ser por inteiro
Agora, não somos nada.





Andressa Liz

Antes junto

Nós que somos nada agora
Hemos de ser outra hora tudo
Tu que foste rosa, chora
Este amor que foi tão bruto.

O silêncio da palavra, devora
A alma que foi tua, escuto
Vês a lua cheia, clamas
Outrora a noite fosse luto.

Hoje acende a chama, queima
Pétalas de flor por minuto
O amor que arde e sangra
Separado não amas, antes junto.


Andressa Liz

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Felicidade a dois

somos

met a des

met iculosas
a
des esperadamente

                                   


                                                     buscar


                                                                          essa

                                                                                                   

                                                                                         nossa


                                                                                                          distante.....


.
.
.
.
.
.
.
f             e              l               i            c               i               d             a             d             e


a dois
(passos)



Andressa Liz

Trocamos olhares
entre ecos do silêncio
e entre nós perdurou
um breve momento
de ansiedade
e sentimentos
que nos completam as metades
(talvez amor)



Andressa Liz

Trago mas não te trago

Trago um cigarro...
trago até um maço inteiro
e a fumaça se esvai
como a nossa memória
em um começo de janeiro.
Então trago mais
mas não te trago pra mim.
Será esse o fim
dessa nossa história?

O cigarro virou cinzas de um cinzeiro.





Andressa Liz

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Plástico

copos,
pratos,
garfos,
tratos,

descartáveis
e baratos
amores feitos de plástico
não se usa outra vez
pro lixo, por capricho
tanto faz,
tanto fez.



Andressa Liz

Indecifrável

Curioso esse teu silêncio
que me faz queimar por dentro
morrendo de ansiedade
em cada olhar teu.
As janelas da tua alma são escuras
opacas,
um mistério atrás da vastidão azul do céu
me tira a calma
onde posso ver, mas não enxergar
feito claridade em um breu.
A imagem indecifrável
me pegou de surpresa
poderia até ser engano
mas não posso fugir dos sonhos
temendo a certeza
de que desde já te amo.


Andressa Liz

terça-feira, 8 de abril de 2014

Vulcânico

que mentira fez romper em prantos
a memória velha gasta
a história perdida no tempo
esquecerás
esquecereis
querereis
partir
e nunca mais voltar
desta mágoa que consome
tua alma negra como a dor
escuro dia do meu amor.
Quererás voltar
mas terei partido.
Volte às chamas de saudade
e chames a calma
à tua espera
do outro lado do oceano
mares hediondos não chegaram à tua costa
Tuas costas como vulcões
entorpecidos pela serenata de esperanças
do que acreditara ter sido certo
se amor nunca é certo
em inconstâncias de vidas
perdidas
partidas
como nossos corações
eternamente em brasa
adormecidos
e nunca domados
em erupção,
hão de cuspir lava


Andressa Liz

Alma na lama

Alma
na
lama
faz a
mala
e parte...

para onde?

Limbo
ou marte?

ou ainda,
inferno vermelho
ardente escarlate
Terra

na lama tem terra
e tem alma no lodo.
A guerra
não espera
esse caminho todo.


Andressa Liz

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Vazios

Já não preciso da arte para preencher meus vazios
nem amores, nem cores, dores ou flores
Meus vazios são impreenchíveis
Como buracos negros,
engolem tudo em volta,
distorcem a matéria
desintegram sentimentos.
Mas a arte não torna a vida mais bela
a arte é bela por si só
não serve para preencher os tais buracos,
serve para nos criar vários mais
e nos levar a outra dimensão.
Deixa o vazio,
deixa o vazio
o mais profundo sentimento seria superficial
se pudesse simplesmente ser preenchido.
A arte não preenche, nem é preenchida
minha arte de viver, me faz também morrer.
Não,
não quero religiões
ou grandes coleções
vícios
amantes.
Quero o vazio da solidão
o prazer sutil da dor
inconstante
que nos afeta impiedosamente
mas nos faz viver e sentir que estamos vivos
a cada instante.
O vazio está em nós,
 faz parte de nós
deixe-o estar.
E quando a dor apertar
só abstrair, fingir não ligar.
Afinal, buracos negros regem universos
e são necessários para transformar mundos
avessos, versos
e ainda manter equilíbrios.
Os vazios são mutáveis
nos tiram a calma
se a arte não foi feita para preencher corações
nem tranquilizar a alma
nos fere por dentro e transforma
por fim, transborda.
Não há vida onde não existe sentimentos
ou dor
sejam eles meros devaneios efêmeros
ou eternos casos de amor.



Andressa Liz




"A arte foi feita para transformar, não para preencher ou embelezar, pois todos nós estamos em constante transformação. Logo, não há sentimentos para preencher se a arte foi feita pra incomodar, e nos fazer sentir ainda mais nosso eterno vazio. E assim, transbordar."

by Liz

domingo, 6 de abril de 2014

Os (nem tão) sutis anos que passam...

Vejo o dia, o tempo, o documento apontando minha mais nova idade, supostamente uma mudança brusca na vida dado os 18 anos que se concretizam agora. O que muda? Os cigarros que posso fumar para espantar o martírio do tempo fugaz como a fumaça do trago? A bebida que posso ingerir para afogar meu organismo mal metabolizado em uma poça de álcool, vinho, whisky, cerveja, a escolher? A responsabilidade que nos habilita adquirir direitos obrigatórios como cidadãos feitos?
O feitio da vida longe está de ser apenas uma data memorável, mas sim os anos que passam rápido em piscar de olhos. Os amores indigestos que nos perturbam nas madrugadas boêmias agora totalmente legalizadas por uma simples diferença de unidade na casa decimal. Sinto a essência do querer e poder, sutil, disfarçada com o embargo da consciência. Ah, essa vida sequelada de devaneios obscuros e agora concretizados. Não há diferenças marcantes da noite pro dia sentimentalmente perceptíveis, talvez pela instabilidade.
A distância nos afeta, curta no tempo ligeiro. Me faz ansiar, mais e mais para que passe. Sinto uma enorme vontade de envelhecer e ao mesmo tempo medo, medo do que o futuro e sabedoria nos proporciona. Os anos correm como balas que atravessam nossos corpos, cérebros, corações e nos deterioram a alma. Buracos profundos cravejados de estilhaço com sangue vermelho a escorrer. Sangramos aqui dentro e o mundo sangra lá fora. Nós, perdidos na noite, jovens astutos demasiado verdes, portanto amargos.
Há quem diga que a idade nos faz sábios, nos traz mudanças, nos acolhe com abraços e beijos e nos separam com empurrões e escarros. Escárnio da vida que abusa do nosso eterno defeito de não saber lidar com intermediários, futuros e equilíbrios.
Posso devanear a vontade agora, digerindo toda essa melancolia que vem de brinde junto com os cartões de parabenização e feliz aniversário. As mudanças veremos ao longo dos dias, umas felizes, outras nem tanto. Enquanto isso o sentimento ranzinza aflora sutil e intrinsecamente. No aguardo do que mais posso absorver desse disparar do relógio.


Andressa Liz 06/04/1996

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mais um segundo, menos um segundo

Como posso ter calma
se a cada segundo que passa
é menos um segundo que tenho?
Como posso esperar
e aquietar a alma
se o tempo esvai como fumaça
em um trago de cigarro?

Quanto tempo o tempo leva
pra me dar tempo de ser
ou fazer o que eu quero?
Não sei se espero
um mero devaneio.

O que diria a paciência
quando não tenho mais minutos sobrando
no relógio da vida?
Uso o tempo alheio?
Já que os ponteiros não param
com goles de bebida.

Como posso não queimar sentimentos
vomitar palavras,
nem viver de angústias,
nem de tormentos
correr contra as horas,
e cometer vários erros,
nem criar demoras
ou adiantar os ponteiros?
Como posso não exagerar,
não me entregar ou arriscar?
Se tudo o que o tempo faz
é simplesmente passar...

e passa depressa
passa sem dó,
mas ainda enquanto espero
o risco é maior.



Andressa Liz