terça-feira, 29 de novembro de 2016

À deriva

Parece um inferno
Tal descontrole de sentimentos
Queria saber amar
Os anos mais que os dias
E no futuro onde eu me encontrar
Olhar para trás sem o arrependimento dos momentos em que não deixei as palavras em cima da mesa.
Mas quando não há certezas
Resta-nos a impaciência
De olhar de instantes em instantes o relógio
Com a dor de quem está desperdiçando uma vida.
Me encontro, várias vezes à deriva
Como quem se perde no mar de indecisões
Procurando chão firme antes de se afogar
Enquanto devo adimitir que acho lindo o abraço perigoso e gélido do mar.
E receio também adimitir que suas ondas me movem em um ritmo lento como se eu fosse chegar em algum lugar desconhecido por mim, e até isso eu acho isso lindo. Mesmo nunca chegando em tal lugar.
Tenho que confessar todos esses anseios perigosos de morrer, porque se eu não os sentisse, como poderia estar viva?
E até o melhor de mim me mata.

O fogo que me move espalha-se com tanta intensidade que queima até mesmo os meus sonhos e desejos. Como apagar o que me move sem me apagar ou como controlar o fogo e a a ventania que o espalha? É algo assim que chamo de inferno.
E os dias que se transformam em noites
Ou as noites que se transformam em dias
Já não fazem mais diferença.
Não há sentido em esperar os anos.
Tal como não fez sentido nenhum dia em que corri tentando fugir de mim mesma.

Escrevo na esperança de que isso me ajude a me entender melhor, caso em algum momento no futuro eu sinta falta de alguma explicação sobre como me tornei aquilo.
Eu converso várias vezes com um suposto fantasma de mim do futuro
E tento explicar a ele que eu tentei todos os dias ser uma pessoa melhor para mim mesma.
E por incrível que pareça, eu o acabo assombrando.

No fim de tudo, só queria dizer que
Os sonhos mais lindos são aqueles que nos matam
A vida mais vivida é aquela que morre
Várias vezes na mesma incerteza
E nós somos apenas corpos a deriva
Rumo a lugar nenhum
Tudo isso parece triste
Mas de um certo modo
Ainda acho lindo.

Andressa Liz




sábado, 12 de novembro de 2016

Nós nunca estamos na velocidade da vida

Nós nunca estamos na velocidade da vida

e nossos demônios nos devoram
com olhares de longas horas
enquanto prendemos nossas asas com pregos
sobre uma parede qualquer

Fora da janela a vida voa,
fugaz,
sem olhar quem ficou para trás
preso sobre uma parede qualquer, vivendo em um tempo qualquer.


Andressa Liz