quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Por Um Brasil Realmente Independente

    Está implícito durante toda a história do Brasil que a independência política brasileira foi um “arranjo político-econômico”, o que implicou uma acirrada luta social. Várias camadas disputavam a liderança com o desejo de imprimir ao movimento libertador o sentido mais conveniente para cada uma. No final como esperado a cama social vencedora foi a aristocracia rural dos grandes proprietários escravistas, o que implicaria mais tarde na situação política atual do nosso país.
     O “Brasil” desde 1500 foi um território de exploração da corte portuguesa, com o objetivo único e exclusivo de abastecer a metrópole e a enriquecer. O fato de o Brasil ter sido colônia até o fim do século XVIII justifica a atual situação político-econômica do país, sendo que enquanto outros países enriqueciam desde aquela época até os dias atuais, o Brasil servia como fonte de enriquecimento até o dia em que “conseguiu” libertar-se da metrópole, também por finalidades econômicas.
     A libertação da metrópole também não foi algo fácil de se obter, foi através de muitas revoltas, tanto aristocratas quanto populares, que a população brasileira conseguiu romper com parte desses vínculos com a corte portuguesa. Enquanto os aristocratas visavam a expansão econômica e seu próprio enriquecimento sem a dependência da metrópole, o que significaria o rompimento com a corte portuguesa, a maior parte da população, constituída pelas camadas populares lutavam por melhorias nas condições de vida e para sair da miséria, uma das principais consequências da exploração colonial. Apesar dos propósitos diferenciados, tanto a camada aristocrata quanto popular tinham o mesmo objetivo de romper com a metrópole, e apesar de muitas mortes e divergências sociais esse rompimento foi obtido. Com a vitória e influência significativa da camada mais rica o desenvolvimento e ampliação do comércio capitalista eram iminentes.
     Consequentemente a independência do Brasil, mais tarde também não ocorreu como consequência da miséria e péssimas condições de vida da população, e sim com a finalidade de expandir ainda mais o comércio e a economia capitalista, o que explicaria o motivo da independência poder ser considerado um arranjo “político-econômico”. Não mais atrelada ao monopólio comercial e ao antigo pacto colonial os comerciantes puderam viver um tempo de prosperidade material nunca vivida durante o período exploratório da metrópole, onde a liberdade já era sentida nos bolsos da elite nacional.
      Embora a situação tenha melhorado economicamente para parte da população, a maioria ainda vivia em situação de miséria, e o Brasil ainda dependia economicamente de outros países, tal dependência que podemos ver perdurar até hoje, sem mencionar a monarquia e o governo absolutista português que regeu o país durante um tempo considerável, a partir disso podemos pensar, seria o Brasil um país realmente independente?
       Até os dias atuais podemos nos questionar a respeito da independência do Brasil, que embora tenha desenvolvido vigorosamente a economia, ainda conservou muitos problemas da época colonial que teve como consequência o aumento da dívida externa, uma industrialização tardia e assim uma dependência tecnológica se comparado a países considerados desenvolvidos, sem mencionar a enorme exclusão social de grande parte da população e preconceitos raciais contra descendentes africanos.
       Não podemos culpar a todos pelo precário desenvolvimento social do país, cujos problemas começaram desde a época colonial e agravaram-se ao longo dos anos, tanto durante o período regencial como republicano onde, não obstante, a criação de uma democracia e a tentativa da maior participação das camadas populares em questões políticas não impulsionou uma melhoria nos problemas de caráter social, mas sim o agravamento destes, por diversas causas que estão inseridas dentro do contexto de subdesenvolvimento. No entanto é importante a comparação realizada entre o período de independência e a situação atual do nosso país, para nossa maior compreensão e melhorias em nosso poder crítico quando se trata de questões políticas do país, as quais não podemos ignorar.
       Vivemos em um país resignado ao poderio de grandes nações de influência mundial, país que enriqueceu estas enquanto empobrecia tendo de sustentar uma população maior do que podia sustentar, população que lutou pelos seus direitos e luta até hoje e que poderia nos passar a imagem de um país que resistiu bravamente em favor do seu reconhecimento e resiste até hoje, tal como devemos continuar fazendo. Embora com um governo ainda impregnado por antigas corrupções, ainda há a possibilidade de uma melhoria nos âmbitos sociais na qual ainda podemos acreditar em meio ao ápice da expansão capitalista.  

por Andressa Liz