sábado, 29 de junho de 2013

Passa o tempo

Passa o tempo,
Mudo,
Mas fica o sentimento
Um tanto barulhento
E tu se finge de surdo.

Andressa Liz

terça-feira, 18 de junho de 2013

Uma breve crítica ao populismo

   Populismo é a forma de governar onde o governante aproveita-se de vários recursos para a obtenção do apoio popular e para isso utiliza uma linguagem simples de fácil entendimento à toda a população, abusa da propaganda pessoal, toma medidas autoritárias não respeitando partidos políticos e nem instituições democráticas, fazendo-se o que bem entende.
   O populismo é comum em países com grandes diferenças sociais com alto índice de pobreza e miséria. Esta forma de governar foi aderida por Getúlio Vargas, apelidado de "pai dos pobres", promovendo manifestações e discursos populares para divulgar suas ações de governo.
   Esta forma de governo trata-se evidentemente da manipulação de massas, do carisma utilizado pelo governante-ditador para inserir-se no meio popular, conseguir o que quer e não "sujar sua imagem". O populismo em seu conceito ideológico evidencia a reivindicação da classe operária pelos seus direitos trabalhistas e melhores condições de vida, o que não seria incorreto se não fosse manipulado por autoridades que se aproveitam disso para benefício próprio, o que pode ser comprovado ao longo de todo o período ditatorial da história política brasileira. O Brasil nunca chegou a um estado de bem-estar social efetivo. O populismo, dada a dependência política a que condena as grandes massas, produziu apenas uma "imitação" do Estado de bem-estar.
   O varguismo foi um tipo de populismo que se apoiou na insatisfação da ampla camada de trabalhadores para a revolução de 1930 evidenciando uma política capitalista de industrialização e modernização. Os trabalhadores urbanos não organizados tendem a expressar sua revolta de maneira cega e inconsistente, uma das raízes fracassadas do populismo está claramente evidenciada aí, à manipulação de informações executados pelas ações de um líder que engana seus adeptos ideológicos os fazendo agir de acordo com suas vontades, sem que se deem conta que estão predestinados a cair na ignorância e fracassar na luta pelos seus objetivos.
   O populismo acaba sendo um movimento contrário aos desejos populares, ao invés de apoiá-los. Herança da vontade capitalista de crescer e enriquecer às custas de um povo fadado a eterna desigualdade social. Embora o populismo tenha incentivado a reação do operariado, ainda sem determinado conhecimento e entendimento daquilo que se almeja, acaba sendo em vão na busca por melhorias no âmbito social popular. É uma ditadura imperialista do capital, onde novamente evidenciam-se desproporções na qualidade de vida da população. Apoiada pela ignorância de massas e ideais neo-liberais de opressão contra a revolta dos partidos esquerdistas que foram incapacitados de disseminar seus ideais.  

Andressa Liz

Solidão

Ocos os corações
Vazios de sentimento
Que a muito
cederam ao desalento.

O encanto mata
A vida ingrata
Padecendo na ilusão.
Condena-se por receber esmolas
Faz prender-se em gaiolas
Como uma prisão.
E na eloquência do sentir
Deixa-se atrair
Pelo abismo negro da solidão.


Andressa Liz

terça-feira, 11 de junho de 2013

Lágrimas

Um vazio repleto de lágrimas,
Pequenas e pesarosas,
Que ferem impiedosamente
Como espinhos de uma rosa
E ligeiras despencam da face
Matando a esperança que nasce
Do amor que ainda resta.


Andressa Liz

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Noites de Inverno

E lá estava ele, as patas no assoalho fitando calmamente o líquido transparente que escorria dos olhos do dono. A noite de inverno era fria, porém mais terna do que o acolhimento da vida.
Roçava o focinho no colo do homem enquanto cedia as quatro patas ao cansaço e sentava-se. Permaneceu estático, sem saber ao certo o que acontecia, mas desejando estar ali o tempo que fosse necessário para receber um pouco de atenção.
Os minutos passavam-se e o cão cedeu de vez ao cansaço, deitou-se no chão, patas esticadas e ali permaneceu. O vento gélido açoitava vigorosamente a janela enquanto o homem ali sentado em sua poltrona enchia mais um copo de whiskey, a garrafa já passava da metade. O cão fitava seus gestos minuciosamente enquanto ainda demandava pela sua atenção, seus olhos tristes agora fitavam os do dono e pelos próximos instantes absorveu toda a mágoa afundada nas doses de whiskey.
Enquanto as horas atribuladas da madrugada passavam ao mesmo tempo em que paravam os ponteiros do relógio, a cena quase estática perdurou, enquanto a única mudança era o som do vento e o dançar das folhas das árvores negras em meio a inquietação noturna. O whiskey havia acabado antes do suplício das ideias tumultuadas, o que restava agora estava ali deitado no assoalho, os olhos inquietos carregados de ternura enquanto postava-se novamente sobre as quatro patas. Trocaram olhares por breves segundos, o homem acomodou-se em sua poltrona acolchoada e aliviado por alguns instantes acendeu o cachimbo que estava atirado sobre a mesa de centeio e ali ficou, tragando a fumaça. O cão não sabia o que se passava e resolveu permanecer ali, a comida na tigela intocada não lhe chamava atenção, nem o conforto de sua cama próximo à lareira, preferia padecer sob a frieza da noite de inverno fitando o olhar consternado de seu dono.


Andressa Liz