segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O Gato

O vejo observar a mesma cena que eu:
Um inseto que andava em círculos, já há alguns minutos.
Será que o inseto pensa estar chegando a algum lugar? - pensei
Subitamente Ele se levanta, de encontro ao inseto.
O cobre com sua pata
matou - pensei
Mas o inseto ainda estava lá, andando em círculos.
A pata mal o afetara, tamanha fora a delicadeza.
O gesto se repetiu por alguns minutos,
Ele saiu, saltou para o batente da janela
Ali ficou.
O inseto continuava seu caminho infinito em círculos.
Parecia intocado.
Logo Ele cansou da paisagem que observava pela janela e desceu do batente,
Estendi a mão em sua direção,
Das duas opções que tinha, escolheu me ignorar.
Saiu, ao passo de sua indiferença.
E meus olhos acompanharam sua saída.
Logo voltei minha atenção para o inseto novamente, aos círculos.
Tenho muito o que aprender - pensei.


Andressa Liz

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A Floresta


O que há de descoberto na origem do mundo
se os animais que andam na floresta estão todos nus?
Assustam-se com sua beleza e exuberância, por isso necessitam de vestes
por isso necessitam da Guerra.
Quando o falo não é o centro das atenções, o 'Homem' teme
e sua angústia anuncia a destruição.
Assim a natureza sucumbe diante da moral que transita na transformação
do animal
ao 'Homem'.


Andressa Liz
Image: A Origem do Mundo, Gustave Courbet.

domingo, 11 de outubro de 2015

Ao mar

As ondas,
se formam com o vento
e se          movimentam                 de acordo                        com sua  força e
                                                                         direção.
 E nesse        movimento                 destinado a                  chegar a             algum          lugar,

                                                                            subitamente
                                           
                                            quebram-se na praia e
               voltam para o

mar.
       
                   Insistem           infinitamente          em                chegar                a                  costa,
   
                                                                                                                  mas algo                                                                                                                               mais forte
                                                             que o vento
                                   as puxa
de volta.

             
Como se insistisse          sempre              em mostrar             que eram                 infinitamente


                                                                                                    limitadas
                                                       a pertencer

apenas ao mar.




Andressa Liz

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Não são todos os dias que você consegue achar um lugar para esconder as lágrimas,
então você as segura por não querer estar exposta demais, por medo ou insegurança. Nesses dias você sente um frio pontiagudo trespassar seu coração, sente como se aquelas pessoas que você tanto segurou a mão te empurrassem no abismo por erros tão bobos que se tornaram irreparáveis.
A culpa é alimentada porque a injustiça te faz fraco demais para pensar que talvez você não esteja completamente errado. A culpa nunca é algo que alguém queira ou saiba dividir.
Então você enxerga que tudo em você está errado e tudo passa a cair nas suas costas, porque é isso o que as pessoas fazem quando estão chateadas.
Não são todos os dias que você consegue achar um lugar para esconder as lágrimas,
e nesses dias, procure um ombro amigo.
Instantaneamente você vai lembrar que é por essas pessoas que você deveria não esconder as lágrimas, e curiosamente isso te faz sorrir.

Obrigada. <3 br="" nbsp="">Um sútil agradecimento a todos aqueles que me fornecem um ombro amigo, porque todos nós precisamos de um.


Liz

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Vôo da Borboleta

Quando esse casulo se tornará borboleta? Pensou
as lágrimas pendiam de sua face
o espelho refletia quem não era
desejava partir
na esperança de assim poder se tornar outro alguém.
Mas nunca entendiam que
esse outro alguém em sua mente tornara-se agora
borboleta.
Foi assim, criando asas, que projetava lançar-se dos precipícios
para voar.
Liberdade, pensara.
Tão rápida fora sua queda
que, antes de cair no chão,
mal pôde perceber a borboleta que não era.
Somente assim conseguiu voar.
Agora era livre.







Andressa Liz

quarta-feira, 18 de março de 2015

Se tu não fores

se eu for
nós folhas
se eu flor
nós flores,
mas se nos ventos
nós vemos
singelas cores,
não passa o tempo
se tu fores
nós vemos folhas, nos vemos flores
e nos ventos, nós vemos cores.
Nos vemos,
por aí


Andressa Liz



nas cores das palavras
Não é culpa das folhas
se elas caem no outono
a responsabilidade
é das estações
sempre a mudar
conforme passa o ano



Andressa Liz

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Foi-se da vida
a tristeza dos olhares
e as sombras fugazes
da eterna despedida.
A dor é secundária,
reparos são sempre
necessários.


Andressa Liz

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Lâminas

Se fora por vez
quem precisava eu ser
mas pela
dor
das
palavras
tive de ser assim,
são lâminas cegas
a cortar os cegos
de amor.


Andressa Liz

Pirilampos

Onde
não estive
mais,
foi penumbra
quando
Ontem,
incendiaram-se
pirilampos.
Eram fogos
e luzes
a pairar
pelos campos
com sonhos
não mais mortos
a acender em mim.



Andressa Liz

domingo, 4 de janeiro de 2015

Talvez,
alguma ventania da noite
sopre certezas.



Liz

Vento

Faltam-me palavras
para atingir a essência do teu ser
e ao transparecer sorrisos
tu apenas é.
Apenas ser é impossível de descrever,
por isso, por mais que eu escreva
minhas palavras são nadas
nadas carregados ao vento.
e o vento apenas é.



Andressa Liz


Inverno

Todas as vezes que me perdia
na ventania de uma palavra
sórdida, nua e fria
horas passavam
e a noite virava dia.
Nas mágoas de poemas
de rosas
haviam espinhos
a cravar na pele
e chorava de dor
sobre rimas desdenhosas
que logo manchariam a neve
com sangue, ou vinho.



Andressa Liz