segunda-feira, 26 de março de 2012

Tirania


Quão tirano dos corações poderia ser o amor? O amor que jaz nos recônditos de um profundo mártir que proclama sua derrota, sob lágrimas incessantes e ao mesmo tempo nenhum som.
O que acontece nos interiores confusos e arrasados, dentre súplicas, anseios, perguntas sem respostas condizentes? Seria um profundo clamar de dúvidas requerido por todas as nossas ambições e vontades, paixões e dores, que nos remete a um passado ou lembrança que a tempo jazia inerte em mentes um tanto obscuras.
Pura tirania que prevalece por incessantes anos, décadas, gerações. Tal autoridade que não muda, não cede ao poder, apenas se fortalece a cada instante que uma lágrima de dor é derramada pelos submissos a tamanha e sádica opressão.
Que assim prevaleça então, a tirania poderosa dos sentimentos reprimidos. Guie a todos por seus caminhos de descobertas, falsas verdades e lágrimas, tal como o sofrimento é evidente pelo caminho, talvez ainda encontre-se resquícios de felicidade e talvez tais resquícios mudem a essência própria por toda uma vida e depois talvez ainda prevaleçam.

Andressa Liz

segunda-feira, 12 de março de 2012

Perpetuar


Eu sei que você não me pertence, nunca me pertenceu. Na verdade o que pertencia a outra pessoa era seu coração, tal como o meu lhe pertencia.
Continuo a amar-te mais do que posso amar, aprendi a não desejar-te mais cada vez que nossos caminhos se cruzam e seu cheiro passa por mim como uma suave fragrância de um veneno mortal, se eu me permitisse respirar.
Confesso que não aprendi a deixar de pensar nas caras alegres e bobas, de sorrir ao ver seu sorriso bonito e alegre, não deixei nada dos seus pequenos detalhes de lado, quando o observo, vejo, sinto cada um deles.
É verdade que deixei de desejar o que já não está ao meu alcance, mas você faz parte do meu cotidiano, das lembranças e do que guardo aqui dentro, nas melhores repartições de amizade. Amo teu olhar, teu cheiro, teu abraço, teu jeito alegre e meio bobo, amo tanto que foi assim que deixei de desejar tanto quanto eu antes desejava.
Não pense que minhas intenções são traiçoeiras, pois não são. Não pense que minhas esperanças talvez não sejam eternas, porque elas são. Não pense que o que carrego comigo é momentâneo e passageiro, ou que não é realmente verdadeiro, porque o que carrego comigo é contínuo, perpétuo e verdadeiro, sempre verdadeiro.

Andressa Liz

domingo, 11 de março de 2012

Deixe-se Levar


Deixe-se levar, pela luz, pelo som
Pela esperança, pela cor
Pelo cheiro exalado
Pela doçura do sabor

Deixe-se embebedar, de alegria de ternura
Deixe-se consumir, pelo riso, pela loucura
Exagere, as vezes se entregue e sorria
Seja livre, seja bela, seja clara como o dia

Deixe-se levar pelo tempo, pela melodia
Carregue-se de amor, riso e pura ousadia
Deixe que o vento nos campos açoite
Seja serena como a calada de uma noite
Permita o choro, que nem sempre é tristeza
Escute a Razão mesmo que não queira
Mas no coração, não faça da dor costumeira
Deixe-se levar, suave, de qualquer maneira.

Andressa Liz

domingo, 4 de março de 2012

Embriaguem-se


É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Charles Baudelaire

sexta-feira, 2 de março de 2012

Chorar não resolve


“Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoismo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.”


Charles Chaplin.