sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Partir

As vezes não há mais volta
mesmo se pudermos voltar
não mais seremos os mesmos
pois partir, significa mudar.

No entanto não significa esquecer
mesmo que as dores
nos ensinem a crescer
as lembranças ainda poderão nos matar



Andressa Liz
Não sou nada
Nunca serei nada
"Mas isso seria alguma determinação?"
E poderia haver
uma determinação melhor do que esta?


Andressa Liz

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

De que adianta amar as flores e arrancá-las sendo que um dia elas murcharão?
Com o tempo, vamos aprendendo que vale mais a pena visitar jardins. Não podemos carregar conosco tudo aquilo que amamos.


Andressa Liz

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Alguns diálogos sobre amor

"Eu sei. Eu bem sei que o amor destrói as pessoas."
"Não. O amor não destrói as pessoas. As pessoas destroem o amor."
"O amor existe para ser destruído?"
"O amor não existe quando se destrói."
"O amor ainda existe quando chega ao fim."
"Não ele. Nós existimos."
"Mesmo depois dele nos matar."
"Ele não nos mata. Nós nos matamos."
"Então eu não sei mais o que é o amor."
"Não imagino nem o que possa ser 'nós'. Mas há canecas quebradas pelo chão."
"Eu as quebrei."
"Pensei que tivesse sido o amor."
"Ele não existe mais."
"Nem nós."


Andressa Liz

Diálogos I

Um café.
Um rapaz observa uma moça sentada no balcão absorta em pensamentos.
Aproxima-se interessado

- Olá, posso lhe pagar um café?
A moça vira-se para ele, examina-o por alguns segundos indiferente
- Ficaria encantada que me pagasse um café.
O rapaz sorri sutilmente. A moça continua
- Mas isso não significaria que gostaria de falar contigo.


Andressa Liz

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Adieu

Há diálogos, há pessoas, há noites, há sentimentos que deveríamos poder simplesmente apagar dentro de nós. As coisas maravilhosas que vivenciamos adoram contribuir para nossa destruição futura. Não deveríamos nos apegar tanto a lembranças, são elas que podem facilmente nos destruir. O que daquilo foi real? O que ainda é real?
As ruas são quietas à noite. A memória fala mais alto. O vazio se estende pelo horizonte de concreto, há um farfalhar de árvores.
Cresce em mim uma vontade absurda de partir. Partir e nunca mais voltar. Mas eu voltarei. Talvez, talvez eu volte. As lembranças andam comigo por qualquer estrada ou avenida. Os rostos conhecidos estão se misturando e se perdendo em cada janela, em cada prédio. As vozes não cantam, gritam em uníssono a cada quarteirão ou esquina que passo. Adeus!

Adeus...


Andressa Liz

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Deveria Compreender...

Eu deveria compreender melhor essas efemeridades
O mal das idades
e os anos que passam rápido.
Deveria compreender melhor que nem tudo é como queremos
que os beijos não são eternos
e nem sempre ternos.
Deveria compreender melhor que decisões devem ser tomadas
e não são sempre fáceis
ir embora ou ficar
temer ou arriscar.
Deveria compreender melhor que tudo está ao nosso alcance
Se entendermos que não se pode fazer duas coisas
ao mesmo tempo
Ou estar em dois lugares
ao mesmo tempo
Enquanto não pudermos ser
duas pessoas
ao mesmo tempo.
Deveria compreender que devemos deixar as pessoas irem
quando já não quiserem mais ficar
Deixar a porta de casa aberta
mas não ceder para qualquer um entrar.
Deveria compreender que não se pode saber tudo
ou fazer tudo
ou querer tudo
Não se pode exigir dos outros
o que não querem fazer por eles mesmos.
Por fim, deveria compreender
que nem sempre somos sucessos
também somos fracassos
e a vida é feita disso
mesmo que não saibamos exatamente
o porquê.
Portanto, deveríamos compreender
que há coisas
que simplesmente
não podem ser compreendidas.

Andressa Liz


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Tua existência
Precede a tua essência
Portanto não posso destruir
os resquícios dela em mim
sem antes
te matar.

BANG!

Andressa Liz

Pequenos Infinitos

  As palavras não significam nada enquanto sentimentos são interpretados com distância. Não há importância em apenas uma estrela quando o céu escuro está repleto delas. O amor ás vezes se parece com as estrelas perdidas na imensidão do universo, sempre belo quando compartilhado. Apenas uma estrela não faria diferença em uma noite escura, passaria tão despercebida quanto o meu amor. Distante. Perdido na imensidão dos meus vazios. Teus vazios. Nossos vazios.
  A velha história oxidada por mentiras devoradoras de ilusões. Promessas Pérfidas. A caótica mente de quem deseja mais do que se pode alcançar em uma vida arrasadora de corações. As palavras proferidas viram veneno quando espalhadas sobre o ópio. Além do tempo, que já não mais existe. A raposa que se alimentou da presa debilitada adoeceu vagarosamente.
  Agora diante da imensa podridão deixada pelos rastros da tua presença se chocam os sentimentos antes fortalecidos e agora putrefatos. Padeço diante da mísera inconsequência do acaso mas sem arrependimentos pelo dito e afirmado. Deveria ser assim porque o foi e apenas isso basta. A justificativa está no mal entendido e na tua vasta incompreensão fétida, tanto pelas verdades quanto pelas mentiras proferidas.
  Não se pode acertar sempre e nem estufar o peito de certezas, porém sentimentos criados e nutridos prevalecem reais. Aquém de nós estava esse amor. E impiedosamente as palavras tentaram ferir quem já há muito cansava-se de presenciar sempre a mesma sequencia de episódios trágicos. Já não me importava pois não mais estava cegamente dependente do que nutria. Nós não matamos pessoas, nós mesmos nos matamos e nos destruímos.
   Porém, o que resta dentro de nós é suficientemente forte para nos erguer diante de nossas claras derrotas. Não há escuridão que não possamos iluminar com a simples vontade de querer. Saber lidar com o que não queremos também é querer. E pela primeira vez eu quis. Quis enxergar a chama que me ofuscava transformar minhas cartas em cinzas e sorrir pois o fogo não nos queima a memória. Quis lembrar de todo o princípio, meio e fim. E por fim, para o fim eu quis não ver nunca mais um começo, mas sim os vários que eu poderia criar quando o inacabável terminasse.
   O problema do 'sempre' é apenas a sua efemeridade paradoxal e não a sua provável inexistência. O sempre existe enquanto acredita-se em sua existência. Nós vivemos desses pequenos infinitos, e se não adianta evitar, apenas basta ser.


Andressa Liz