terça-feira, 4 de setembro de 2018

Quando

Quando busco vaga-lumes
Sou escuridão
Quando quero flores
Vendável
Se me cantam num canto
Fico surda
se pedem lógica
Sou animal.
Quando incomodo
Sou floresta,
selvagem,
Canibal.
Mas à mesa
Me comporto,
Sou janta e almoço
Gozo e desgosto
Da civilização.
Se me permito
Sou anarquia
Morte
Distopia,
Se não viro caramujo
sou barata,
Bicho sujo.
Me chamam poesia
sensibilidade, harmonia
Mas sou Atlas
escrava do mundo
Sou a Cruz
E vagabunda,
santa e imunda.
Pois,
Quando querem brisa
Sou ventania
Chamam-me rosa,
Mas também sou espinho.
Sou início
Campo de guerra
sangue
corpo
terra
e ninho.

Quando preciso, sou aurora
Quando canso, anoitecer
Quando choro, alvorada
Quando sou,

Mulher.


Andressa Liz