sábado, 29 de março de 2014

Nada além não

O 'não'cortou a noite
as palavras ditas rasgaram o vento
e o silêncio despertou meus pensamentos
congelo pelo frio ou congelo pela dor?
Mas eu soltei um riso frouxo
Abracei a decepção e fingi estar tudo bem
quando claramente não estava.
Mas era apenas uma dor
um corte de palavras
um corte de sentimentos
uma negação intransponível
seca como o vinho
tinto como o sangue subindo pela minha face
tingindo com rubor
a modéstia hipócrita
Ser mais uma vez menos que capaz
por gostar mais uma vez por demais
antecipada,
a noite calada
e meus esforços medíocres
se passando de soluções
quando claramente
tentei entregar meu coração
no momento em que previ
que nessa noite, não passará nada
além da dor.
E teu riso não transpõe minha paixão
inexplicável
além de astros
além de Deus
além de mim
pois eu me perdi mais uma vez
nas palavras, suas,
por culpa dos sentimentos,
meus.


Andressa Liz

segunda-feira, 24 de março de 2014

Já estou queimando dentro
não deixe que eu queime fora
pois por mais que eu perca controle
não gosto de ver flores em brasa
e amores virando cinzas.


Andressa Liz

sábado, 22 de março de 2014

Lua em Escorpião

um poema curto
profundo
obsceno
que parece apenas
mais um meu extremo
destrutivo talvez
mas o que me fez
não são só estrelas
veja bem
sou intensa
propensa a morrer
pelo meu próprio veneno
não entendo de limites
nem de luas e universos
O mundo é pequeno.
Mas aqui estou
definhando minha sentença
na lógica que restou
em apenas uma crença.


Andressa Liz

sexta-feira, 21 de março de 2014

Onde era flor agora passa trem

Vai, canta tua melodia
eu sou livre, sempre serei
mas o mundo é gaiola
sou pássaro também
se tu for cantar, saiba
que canto todo dia
e que ganho de tempo
se não agrado a ninguém.
Mas quando a noite chega
devagar ela vêm
passo como flor
e broto em ti, meu bem
como dama-da-noite
da noite, apenas
cheiro flor
não dor
como o dia de um refém.
Mas veja só como é
ser pássaro sem asa
sem árvore, sem casa
voando
voa mais além
mas que canto de noite
beija-flor não canta
nem beija mais flor
onde a brasa queimou
pra construir um trem.

Vai fumaça, trilho passa
não é flor, nem árvore, nem casa
depressa, bem depressa
a mata fica longe
saudade, lembrança
e eu reclamo, de pirraça
Não somos mais livres!



Andressa Liz

quarta-feira, 19 de março de 2014

Tua sombra
não é nada
na minha
escuridão.


Andressa Liz

Tudo ou nada

Sem amor eu não seria nada
bem queria ser nada
mais do que queria ser tudo
mas nada adianta
ser tudo
e não ser nada

Sem amor
não sou tudo
nem sou nada

Então preciso de amor
ainda que seja tudo
ou nada.


Andressa Liz

terça-feira, 18 de março de 2014

Angústia

A angústia
cresce
e me
decresce



Andressa Liz

quinta-feira, 13 de março de 2014

Uma noite

Ofende-me tua presença
em mar de prantos
A sensatez que murcha pétalas
flores de sal
em lágrimas de sonho
E o brilho do luar
não veste esperanças
de estrelas
A noite caiu na sensatez
murchou pétalas
no mar de presenças
prantos de ofensas
sal de flores
fim de mundo
No abismo de lágrimas
de sonho
de dor e vida
na morte das estrelas
na noite de esperanças
que rende
apenas mais uma lembrança
mais uns rabiscos no céu
de apenas uma noite


Andressa Liz

sexta-feira, 7 de março de 2014

A dança faz o que sou
Eu sou a dança.

Andressa Liz

O que dizer de todas estas mulheres?

Seios a mostra
sem perdão
sem resposta
Há ainda hoje
como quem dizia outrora
mal do sorriso na face
e da força que nele brota.
Há lágrimas de sangue
caída sobre os Homens
Capítulo cravado na história
a morte certa sem glória
sem voz,
sem ser,
sem nada.
Hoje viva vitória.
O que dizer de todas estas mulheres?
O que há para se dizer
De rosas belas com espinhos
o motivo para ser
e poder ser
um ser qualquer
tendo ainda escolhas
tornando-se mulher.
Ainda que haja pudores pelas ruas
abastados de moral
E choros,
e crianças
que não pedem para nascer
Pois há o que confunde
o cego e o real
ainda que a esperança
tente sempre renascer.
O que dizer então de todas estas mulheres?
dizer o que são
que o são
São mulheres.


Andressa Liz


Rosas

Tenho espinhos de rosas
cravados em minha pele
Antes belas vermelhas
apaixonadas
Hoje murchas, secas,
desbotadas.
Fazem parte de meu corpo
espetam-me a alma
mas florescem em meus poemas
enquanto brotam as palavras.


Andressa Liz

quinta-feira, 6 de março de 2014

Vermelho de Marte

O coração que me parte
e a saudade que bate
restitui a memória
Me destrói com a arte
o vermelho de marte
desconstrói a história
Eu sou dois
O que vem agora
e o que fui outra hora
não serei depois.
Mas de passagem
fui o fim do meu começo
pagando o mesmo preço
Por mais esta viagem.


Andressa Liz


domingo, 2 de março de 2014

Rouxinol

Do fogo dos meus dias
dançam os teus olhos
de claridade diáfana
nas frestas de sol
Os buracos dos botões
deixam sobrar espaços
nos esforços que faço
em vazios e solidões.
Rumo ao farol
que imita o raiar
em meio a escuridão
ilumina teu olhar
Como faz o rouxinol
e as melodias
no meio das tuas danças
no fogo dos meus dias.


Andressa Liz





"Um poeta é um rouxinol que se senta na escuridão e canta com doces sons para alegrar a sua própria solidão; os seus ouvintes são como homens encantados com a melodia de um músico invisível, que sentem que estão a ser movidos e suavizados, mas não sabem de onde ou porquê"

Percy Bysshe Shelley