sábado, 19 de novembro de 2011

Meu amor,


Meu amor, sou muito para esse mundo e pouco para o teu coração. Todos os dias estou a cair e levantar-me e a jogar-me em abismos só para reviver pútrida, estou sempre a fantasiar e aumentar fatos da minha vida para ver se assim o tédio me abandona. Mas não mereço o teu amor. Olha só pra mim? Uma guria com menos de duas décadas vividas que se mete a poeta; é que quero experimentar os gostos mais amargos e os doces mais estragados, meio termo não me basta querido, sou toda ao extremo. É justamente por isso que tenho medo, medo de lhe sufocar entre as amarras de minhas loucuras, medo de matar-lhe com meus devaneios, medo de lhe jogar no abismo das minhas insanidades. Entraria em decadência e mataria-me de uma vez só no breve pensamento de ver estes olhos apagados e, principalmente, por culpa minha. Suicídio também não funcionaria. Já me joguei do alto de uma ilusão, enforquei-me com as amarras de um patife e afoguei-me com mentiras, mas de nada adianta, sempre volto, cheia de cicatrizes, mas mais viva do que nunca. Então me diz amor, o que eu posso fazer se quero-te acima de todas as minhas maluquices? Me fala como é possível esse amor ser assim tão vadio? Vivo com a morte ao meu lado e a vida nos meus pés, mas nunca encontro uma posição que possa viver e morrer somente por ti. Deixo em tuas mãos o que já não me cabe mais, na verdade nada me cabe desde que lhe vi pela primeira vez, minha vida e minha morte são todas suas e tu tens o poder de matar-me ou amar-me. Só lhe peço que, por favor, independente de qualquer decisão, não me mate aos poucos nem me dê vida aos gargarejos.

Beatriz de Brito

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