segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Noc Noc!

Chega a ser injusto a forma como você tenta arrombar as portas do meu coração carrancudo.

Sabe, um tempo atrás essas portas estavam sempre destrancadas.

Por esse motivo devo admitir que era um local mal frequentado.

Tentando aprender a lição, coloquei trancas, para me proteger.

Hoje batem na porta, dou uma espiada mas nunca abro.

Por mais simpática que a pessoa pareça, sei muito bem que pode ser um lobo em pele de cordeiro.

Com o tempo a casa fica segura, mas me sinto só.

Ando pelos cômodos conversando com minha própria mente.

Ando dizendo para ela: Talvez a minha única companhia deva ser eu mesma.

Tento me acomodar a essa ideia, mas o marasmo me tira a paz,

e me lembro do ser caótico e despreocupado que eu era, quando não usava trancas.

Quando você bateu na porta, eu espiei, intrigada me senti tentada a abrir

Mas sabe, me tornei uma pessoa precavida

Até minha mente se surpreendeu comigo mesma por essa postura

Não vou abrir! 

Mas você foi persistente, todos os dias dava uma espiada curiosa,

todos os dias a indecisão invadia a minha mente

A linha entre burrice e coragem é muito tênue.

Com o tempo me peguei esperando o momento em que você fosse bater na porta novamente.

Você bateu.

Eu queria que você continuasse batendo, mesmo que eu nunca fosse abri-la.

A loucura às vezes bate nas portas da solidão, como você na minha.

Sabia que em algum momento você desistira, ainda sinto que irá.

Mas agora escuto alguém tentar arrombar as portas.

Digo que é você, mas talvez seja a loucura

Aquela loucura que bateu nas portas da minha solidão, lembra?

Acho que ela entrou e agora está tentando invadir as minhas.

Eu te culpo, pois no fundo é quem eu quero que tente entrar.

Estou com medo,

mas não consigo pensar em nada mais,

apenas na forma como você bate nas minhas portas.

Talvez o perigo não seja você batendo nas portas,

talvez o perigo seja eu inclinada a abri-las para você.

Talvez eu esteja inclinada a protegê-lo de mim mesma.

Mas eu não consigo pensar em nada mais,

apenas na forma como você bate nas portas.


Andressa Liz

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