É como observar um quadro que o artista pintou por anos consecutivos e se sentir parte dele, mesmo sem sentir o que o artista sentiu ao pintá-lo, depois derramar um mar de sentimentos em cima de um texto, de um filme, de uma música, de uma prática diária, ou de qualquer maneira possível de nos descarregar, ou vice versa. É um looping de nossas manifestações como seres humanos, mortífera e crucial, nos matando e nos revivendo sempre.
A arte condena todos os nossos supostos limites e somos obrigados a lidar com tudo de forma inteira e completa, somos obrigados a nos enxergar e despejar aquilo que nós somos em uma prateleira exposta, mesmo sem saber que o fazemos. Para viver é necessário saber que temos que morrer durante o processo.
Afinal o que seria de uma vida meio viva ou uma morte meio morta, para se viver é preciso morrer e para morrer é preciso viver. O que usamos nesse processo é a arte do esvaziamento para criar grandes substâncias e nos mantermos nesse ciclo contínuo de início e fim, vida e morte, não necessariamente nessa ordem.
Andressa Liz
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