Capítulo VIII
Eu me lembro muito bem desse dia, estava nublado e era meu último dia de aula, conseqüentemente o dele também, ele havia dito que não iria participar da formatura e que sua mudança para São Paulo estava decidida, isso apertava mais meu coração. E no final da aula ele estava no mesmo lugar, foi ali onde tudo começou e ali onde tudo parecia terminar, ele iria mudar de cidade e eu nunca mais voltaria a vê-lo, não conseguia acreditar nisso, ou melhor, meu coração não acreditava que acabaria assim, embaixo de um céu nublado sem que eu pudesse fazer nada para impedir.
Isso me lembrou aqueles filmes de romance que o seu amado está prestes a partir, você o abraça e fala que o ama, então ele te abraça e fala que a ama, a beija e fala que não vai mais embora porque você é a vida dele e ele não conseguiria viver sem você. Na nossa vida isso não acontece, eu bem que queria, mas as coisas são diferentes, me aproximei do local onde ele se encontrava sentado e me sentei ao seu lado, começava a pingar e o trovão quebrava o nosso silêncio.
- Então é o último dia não é? - Disse eu novamente com a iniciativa - Parece que sim. - Respondeu ele colocando o casaco - Então você vai mesmo para São Paulo não é? - naquele momento meu coração começava a apertar - Sim, vou voltar pra lá. - Bastaram essas palavras frias pro meu coração se comprimir completamente e eu já não consegui controlar minhas lágrimas - Você não se arrepende de ir para lá? Quero dizer, não sentirá falta daqui? - perguntei com alguma esperança - Não, não me arrependo... não tem nada que eu possa sentir falta, tudo que quero está lá, parece que é a coisa certa a se fazer, a vida tem que continuar. - Isso doeu na minha alma, queria dizer que ele não se importava comigo e que eu não significava nada na sua vida, era apenas uma idiota que o seguia para cima e para baixo com perguntas, ele era sempre questionado por tantas garotas, porque ele se importaria com uma delas? A mais esquecida... isso era tudo o que se passava na minha cabeça naquela hora e comecei a chorar silenciosamente, minhas lágrimas foram confundidas com as gotas da chuva que começava a cair naquela hora e senti que esse era o momento errado mais certo pra falar tudo que eu queria falar, eu me levantei... e ele se levantou e disse - Vou sair daqui, a chuva está piorando - eu segurei na ponta da sua camisa e pedi que esperasse, ele se virou com a sua expressão fria novamente e eu o abracei... e ao invés de falar que eu o amava eu falei bem baixo no seu ouvido “Adeus” e nada se passou pela minha cabeça naquele momento a não ser continuar abraçando ele, com ou contra a sua vontade, se provavelmente eu nunca mais voltaria a vê-lo então eu tinha o direito de marcar aquele adeus.
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