Capítulo XI
Depois daquele beijo novamente as sensações antigas vieram a tona, e a culpa pesou na minha consciência em toneladas e olhei para o chão buscando um buraco onde eu pudesse me esconder, já não estava mais olhando para ele e acho que não sei se conseguiria olhar para ele novamente.
Não sei o que se passava na cabeça dele naquele momento, aliás nem sei o que se passava na minha pra ter dado um beijo nele, podia ter dito que o amava, podia ter dito tudo, mas eu não disse nada e o beijei, ele continuava ali parado na minha frente e os poucos minutos de silêncio que se seguiram antes de serem quebrados pela voz dele pareciam anos para mim. - Preste atenção porque eu só direi uma vez. - A frieza da voz dele não mudara nem por um segundo e eu não entendi exatamente aquelas palavras, eu não sabia se continuava ali com a cara abaixada ou se olhava para ele, algo me disse para olhar, então levantei minha cabeça e logo vi que o sorriso não estava mais em sua boca, então eu esperei pelo pior até que ele falou - Eu sempre amei você como nunca havia amado outra pessoa antes, aliás nunca amei ninguem a não ser você, a única pessoa que teve coragem para sentar-se no banco da escola todos os dias e que conversava comigo sem que me parecesse uma chatice. - Um sorriso ameaçou-se a abrir, mas ele o conteve, e novamente ele surpreendeu com suas palavras, eu não as previ e não acreditei no que eu havia escutado e ri, ri ironicamente como se aquela cena ficasse cômica de tão séria, então falei - Você deve estar brincando, e também já fazem alguns anos desde o colegial e... eu não deveria estar aqui e não deveria estar fazendo isso. - Eu disse tentando parecer séria, aquilo pesou um pouco na consciência, mas a culpa e o que ele me disse fez com que eu desse essa resposta estúpida, pela primeira vez eu não levei a sério o que ele falava, mas confesso que por um breve momento meu coração acelerou. - Então você não acredita no que eu digo. - disse ele ainda sério e tão severamente que minha expressão ficou séria e meu coração acelerou, parece que aquela severidade fez com que as palavras anteriormente ditas começassem a entrar na minha mente, como ele sempre fazia com o que falava, tudo que ele me disse estava gravado em minha mente.
O silêncio tomou conta do local, o vento passava ferozmente entre nós e o céu estava nublado, me lembro muito bem porque foi debaixo desse céu, entre esse vento e silenciosamente que ele retribuiu o meu beijo.
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