segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Autorretrato de uma identidade dissidente

Nunca fui boa em desenhar retas e rotas, listas ou metas.
Sempre estou a deriva ou a mercê da vontade do mar
Ou da vontade de amar, cada dia algo diferente
Não suporto metades
Nem fantasias,
Nem pessoas em demasia.
Não carrego fé dentro de mim,
Mas deposito nas coisas mais triviais da vida.
Sinto-me constantemente buscando algo e também constantemente perdida.
As vezes olhar através da janela me consola,
As vezes as noites virando dias me destroem,
Tentar fechar os olhos nunca funciona
Eu sei que não sou capaz de acalmar as chamas que me consomem.
Hoje sei que viradas do tempo são apenas os ponteiros do relógio
Anunciando uma finitude pontual
E ainda assim me dói tanto...
Mesmo eu sendo mais paciente que ontem
Não saber esperar, sempre foi o meu mal.
Carrego esperanças em algo que eu desconheço
Apesar de buscar estar sempre certa,
talvez espero mais que tudo estar errada a respeito de mim mesma.
A verdade é que nessas buscas encontro apenas desespero,
Pois tenho medo de não ver o futuro, ao mesmo tempo em que sou grata por ser impossível de prevê-lo.
As vezes não é necessário apertar o passo quando mais sinto necessidade de correr.
As vezes não é preciso ocupar um espaço
Ou buscar algum porquê.
Digo todas essas coisas pra mim, mas tenho uma imensa dificuldade em entendê-las,
Espero que a esperança baste para me manter adiante
E que nessa desordem constante
perdurem as coisas efêmeras.


Andressa Liz

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Maybe


The winds have not changed
Sometimes i think more than do
Actually, it happens more than I think.
I just want to vanish
But there stands you and the future
And it’s really hard
Letting this all go
Without a single try.
But when I want to
I feel like all doors close
Behind me
And I am alone
Not lonely
but
A l o n e.
I think I dont belong here
In this kind of world.
I was not made to do this
it’s freaking scary
And this idea frightens me
To Death.
But then I think again
That I should at least try
And this process is interminate,
Maybe someday I learn
How to be here
Or maybe someday
I am not here
anymore.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Quando

Quando busco vaga-lumes
Sou escuridão
Quando quero flores
Vendável
Se me cantam num canto
Fico surda
se pedem lógica
Sou animal.
Quando incomodo
Sou floresta,
selvagem,
Canibal.
Mas à mesa
Me comporto,
Sou janta e almoço
Gozo e desgosto
Da civilização.
Se me permito
Sou anarquia
Morte
Distopia,
Se não viro caramujo
sou barata,
Bicho sujo.
Me chamam poesia
sensibilidade, harmonia
Mas sou Atlas
escrava do mundo
Sou a Cruz
E vagabunda,
santa e imunda.
Pois,
Quando querem brisa
Sou ventania
Chamam-me rosa,
Mas também sou espinho.
Sou início
Campo de guerra
sangue
corpo
terra
e ninho.

Quando preciso, sou aurora
Quando canso, anoitecer
Quando choro, alvorada
Quando sou,

Mulher.


Andressa Liz

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Viena

Hoje escutei Viena do Billy Joel,
e me doeu,
pois eu sabia que falava de mim.
Acontece de nos apaixonarmos
por lugares onde nunca estivemos.
Eu sou apaixonada por Viena
e Viena é o futuro
que me assombra.
Mas como ele já dizia,
Você não pode ser tudo o que deseja
antes do tempo.
Ciente disso, sangro.
Viena me espera.



Andressa Liz

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ao seu lado

Não sei se você percebeu
mas ontem a noite eu chorei
muito
e meu sorriso tentava esconder
a cratera que o mar de lágrimas
deixara em meu rosto.

Hoje vivo
na esperança de dias melhores
e o amanhã que tanto me sufoca
é o mesmo que me mantém
aqui,
ao seu lado.


Andressa Liz

domingo, 13 de agosto de 2017

Almas durante a noite

O cantar de pássaros não me agrada mais
nem o cheiro de café recém feito
ou o passar dos dias e banhos de luar
sonhos que a muito tempo ficaram para trás

São dolorosos os caminhos estreitos
e a ansiedade que me aperta o peito 
não são como as calorosas borboletas a habitar meu estômago
em dias que mal consigo recordar

Queria que os meus sorrisos transcendessem ao anoitecer
e sentir os calafrios do proibido
porque hoje nem mesmo a maior ternura que imagino me atrai
como são pássaros, café fresco e a chuva que espero bater no telhado

As músicas do cotidiano carregam a melancolia
que tinge de preto e branco os meus dias

E com o pesar de quem ama
ou amava a vida
tento sobreviver a esses tempos
de loucura desmedida.



Andressa Liz

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Libélulas

Sempre que estamos
À beira de um
Precipício
As palavras nos libertam
Daquilo que não se pode nomear
Com o nosso tão vasto vocábulo
E por isso encontro libélulas na madrugada
Ágeis como a conexão entre imagem e palavra
Já que os sentimentos, quando assim os chamamos,
Não existem.

Escolho libélulas, então.


Andressa Liz