segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Autorretrato de uma identidade dissidente

Nunca fui boa em desenhar retas e rotas, listas ou metas.
Sempre estou a deriva ou a mercê da vontade do mar
Ou da vontade de amar, cada dia algo diferente
Não suporto metades
Nem fantasias,
Nem pessoas em demasia.
Não carrego fé dentro de mim,
Mas deposito nas coisas mais triviais da vida.
Sinto-me constantemente buscando algo e também constantemente perdida.
As vezes olhar através da janela me consola,
As vezes as noites virando dias me destroem,
Tentar fechar os olhos nunca funciona
Eu sei que não sou capaz de acalmar as chamas que me consomem.
Hoje sei que viradas do tempo são apenas os ponteiros do relógio
Anunciando uma finitude pontual
E ainda assim me dói tanto...
Mesmo eu sendo mais paciente que ontem
Não saber esperar, sempre foi o meu mal.
Carrego esperanças em algo que eu desconheço
Apesar de buscar estar sempre certa,
talvez espero mais que tudo estar errada a respeito de mim mesma.
A verdade é que nessas buscas encontro apenas desespero,
Pois tenho medo de não ver o futuro, ao mesmo tempo em que sou grata por ser impossível de prevê-lo.
As vezes não é necessário apertar o passo quando mais sinto necessidade de correr.
As vezes não é preciso ocupar um espaço
Ou buscar algum porquê.
Digo todas essas coisas pra mim, mas tenho uma imensa dificuldade em entendê-las,
Espero que a esperança baste para me manter adiante
E que nessa desordem constante
perdurem as coisas efêmeras.


Andressa Liz

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