Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és sobre a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende a morosa
Carícia de minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que hora é olvido.
Aceitaste o amor dessa mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.
Jorge Luís Borges
na foto: Dante Alighieri Draculea
Nenhum comentário:
Postar um comentário