domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sou uma armadilha


“Como é que se espera alguém voltar do seu mundo particular se eu acabo, por conta de um medo absurdo, indo para o meu para não ter que ver você longe? Esperar o quê? A vida secar tudo, murchar tudo. Não quero viver a porra do momento como dizem. Me sinto o tempo todo uma inocente me debatendo nas paredes de uma piada de mau gosto. Só queria achar a saída e rir por último. Como se eu tivesse tamanho ou força pra peitar assim as coisas como elas são. Sou uma armadilha pra ratos. Sem queijo. O que me faz pensar que só atraio quem merece.”

Tati Bernardi

Esperar


“Ei, moço, vocês não tem aí um que me faça rir, me dê tesão, seja inteligente e tenha coração? Ah, e de preferência um forte, que não quebre tão fácil. E que venha com vários cartuchos de assuntos que é para eu não enjoar. Opa, e que tenha garantia, claro. A pior coisa são esses bonecos que a gente compra barato mas vêm sem nota. Tem não, moça. Esse tá em falta. Fizeram uma versão limitada e vendeu tudo no mesmo dia. Deixa seu nome ali na lista de espera que quando chegar a gente te liga. Meu nome já tá lá há 28 anos, moço. Mulher já nasce querendo um desses. Desculpa moça, vou ficar devendo. Tudo bem, eu já sabia. Mas já que é pra esperar sentada, me vê aí um modelo com o joystick bem grande.”

Tati Bernardi

Eu quero dar e ser luz


“… eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei. Mas as coisas todas, externointerno, eram muito difíceis e escuras […] Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo, solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo.”

Caio Fernando Abreu.

Garotas em série


“Eu não odeio mais as garotas em série e seus namorados em série, eu não odeio mais a sensação de que o mundo está perdido e as pessoas lutam todos os dias para se parecerem ainda mais com o perdido ao lado, se perdendo ainda mais. Eu não odeio mais quem cuida do corpo mas esquece da alma, quem cuida do cabelo mas esquece da mente, quem cuida da superfície mas faz eco por dentro, quem coloca um peito de silicone mas esquece de dar mais uma chance ao amor. Eu não odeio mais a galera feliz em pertencer a um mesmo barco que não vai a lugar nenhum. Eu só acho isso tudo muito triste e prefiro não ver.”


Tati Bernardi

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O olhar sempre entrega


Nunca lhe confessei abertamente o meu amor, mas, se é verdade que os olhos falam, até um idiota teria percebido que eu estava perdidamente apaixonado.”


"O morro dos ventos uivantes."

Eu sou o que 99% dos homens não gostam


“Eu sei que sou exatamente o que 99% dos homens não gostam ou não sabem gostar. Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma. Basta eu ver o sinal de luz recíproca no final do túnel que eu mando minhas zilhões de luzes e cego todo mundo. Sou demais, tanto que ninguém aguenta. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia, um louco, direto do planeta dos 1% de homens, aparece.”

Tati Bernardi

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

(Des) Equilíbrio


Da forma como estou sendo esmagada agora, só desejava ver uma nova manhã novamente. Defrontar-me perante inescrupulosos e arrebatadores sentimentos sem permitir que qualquer lágrima desabasse de minha face. Até onde sei, novas manhãs nunca permitiram lisonjeiros desejos sem nos tomar todas as esperanças logo de cara ao analisar quão tolas seriam nossas definitivas e precipitadas escolhas.
Sim, tudo isso me esmaga, me esmaga porque sinto demais, porque respiro ares impuros impregnados de venenos moribundos e fatais, daqueles que suavizam e alucinam como droga e depois te levam ao chão em horas inesperadas.
O que seria essa euforia esmagadora que aperta sem medir esforços, que expande por todos os meio termos e completas dúvidas deixando aquele ar de sem saber o que fazer e sem saber o que se passa, nos deixando inertes presos à uma beira de precipício em desequilíbrio, bobos como equilibristas amadores em corda bamba que hão de cair a qualquer momento.

Andressa Liz