quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Talvez seja melhor me afastar...


Talvez seja melhor que eu me afaste mesmo, que largue os sapatos no meio da rua e comece a sentir as feridas causadas pelo chão. Talvez seja melhor que eu respire fundo antes de ir, que comece a pensar antes de agir, que não saia dizendo qualquer coisa quando estou com muita raiva ou com muito amor. Talvez seja até bom sentir saudade. Mesmo que doa. Talvez eu deva deixar de falar com os antigos amigos, procurando os novos em esquinas por aí. Mas não dá, não consigo. Dói muito. E dói pelo menos cinquenta e oito vezes mais me afastar de você. Só preciso aprender a viver sem te ter por perto. Só preciso aprender a não te sentir mais. Jogar fora os sentimentos antigos, esquecer combinação entre os signos, guardar meus segredos bem fechados em uma caixinha de cristais. Talvez seja melhor eu ir logo. Você não vai sentir minha falta, não vai fazer diferença. É hora de mudar, eu sinto. Sabe quando tudo te diz isso, de todas as formas possíveis? E sabe quando ainda assim você luta contra isso, preferindo ficar em uma zona confortável, lidando com as mesmas coisas de sempre? Eu, pelo menos, sei muito bem. Bem até de mais. É esse o problema, o problema é quando te empurram, mas você não quer ir, por isso finca seus pés no chão. O problema é quando te provam bem que um caminho novo é a melhor escolha, mas você desiste antes mesmo de tentar. Porque você escolhe o amor. Prefere esse sentimento difícil, a um recomeço. Só que dói. Não sei mais o que fazer, sabe? Sinto tanto a sua falta. Gostar de você me dói tanto, tanto, que eu mantenho os sapatos nos pés, e os pés fincados no chão… E, ainda assim, não quero mais nada.

Letícia Loureiro

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