quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O dia que acordei no fim

Um dia acordei no fim
e vi o começo.

Encostei a cabeça no travesseiro de lágrimas
e deitei no leito de saudade.
As flores jorraram pétalas de dor,
o infinito estava ao meu redor.
Eu apenas podia pular pra fora
Acordando no futuro
pra enxergar o passado,
a esperança já não estava do meu lado.
Fiz então um furo no pensamento
Costurei
Dei um ponto na linha.

Agora eu acordo no começo
mas já não vejo o fim.


Andressa Liz

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ciúme

Ei você!
Ta parado bem na frente do meu ciúme
cuidado que ele é arisco
e qualquer movimento brusco
ele ataca
e você corre o risco
de virar petisco.


Andressa Liz

Se parar

Cê para
se para
separar a gente
se para de sentir?
      Se        
          parar
for
       Separar
então a gente ta jun to.


Andressa Liz

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dependência

O velho dilema de ser mais dependente de sentimentos
do que da razão.
E se um dia eu tentar matá-los todos
Morro de solidão.


Andressa Liz

O Ladrão

Meu coração quer sair pela boca
quando o amor não quer sair do coração.
intoxica mais que veneno
e vai pra minha circulação.
Pensei em recorrer aos astros
para talvez ter alguma explicação,
por que será que esse amor
dificulta minha respiração?
Meu coração quer sair pela boca
quando não atendem minha ligação
espero horas a fio
morrendo de angústia e tensão.
Pensei em recorrer aos versos
para esvaziar a imaginação
por que será que eu perdi
O que eu tinha na palma da mão?

Decidiram me roubar,
mas que astuto ladrão
Roubou cada pedaço
do que era meu coração.


Andressa Liz

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Queria poder abraçar o mundo
mas ainda faltam 2126 km.

Sem Teto

     Não faz a diferença tentar ser diferente por tentar ser indiferente. É isso que nos resta, a diferença entre sentimentos que permanece. O contraste acentuado pelo tempo que enquanto faz passar os dias, desperta um medo imenso. São frequentes desapontamentos e esperanças. É tênue a linha entre o medo e a coragem. É longa e tortuosa a estrada de nossos desejos e ambições. É fugaz a nostalgia do tempo perdido pros sentimentos efêmeros. Não, meus sentimentos não foram efêmeros, eles são eternos.
     Acordei imersa em pensamentos e um tanto frustrada com a vida, as esperanças tolas que nossos sentimentos alimentam. Bobagem, bobagem. Paranoia gratuita. Eram dias para se pensar nos dias, o que me levou a esse ponto, como cheguei ali. E de repente as reflexões não levam a lugar nenhum, estaca zero.
     Quando penso em continuar ali, tentando dar uma continuidade ao looping infinito dos meus pensamentos, sou obrigada pelos ponteiros do relógio a me levantar da cama. O tempo passa sem cerimônia, e eu me sinto desconfortável. Não sou de linearidades nem de rotinas. Queria ficar ali, naquele momento, mas ainda bem que o relógio me fez dar continuidade à vida.
     Não da pra saber o que todos esses sentimentos querem dizer, ou como chegar em algum lugar através no nosso sentimentalismo humano. Morremos mais por ele do que pela razão. A razão um dia tentou matar a arte, e não conseguiu. Mas lembro-me de um dia tentar matar a razão, e acabei conseguindo, meio hesitante, mas matei a sangue frio.
     O que tenho a dizer dessa vida repleta de contradições e histórias perdidas em mentiras banhadas de verdades. Não tem nada pra ser dito, absolutamente nada. E ainda não entendo porque tenho que me levantar da cama todas as manhãs.
     Eu estava perdida a tempos atrás, com um nó na garganta, sendo enforcada pelas palavras que não conseguia dizer, mas na realidade, o que mata não são palavras, são sentimentos grudados nelas com navalhas. Tolerei a dor por dias e ainda devo ter algumas presas na garganta. Jurei a mim mesma evitar qualquer contato com efemeridades, mas a espontaneidade não permitiu. Isso nos rende sem dúvidas longas histórias, longos diálogos, grandes exposições, grandes textos, grandes dores.
     Não nos dá vontade de continuar as vezes, quando o corte é muito fundo, precisa-se de transfusão sanguínea. Coágulos e mais coágulos. Sentimentos coagulados.
     Hesitante estendi um pé para fora do meu mundo, senti a brisa da liberdade, mas não queria me expor tanto assim. Quando tomei coragem, pulei com os dois pés pra fora e no mesmo momento eu quis voltar. BOOM, o portão se fechou atrás de mim, cadê as chaves? Cadê? Eu as esqueci do lado de dentro.
     Quando não se pode retroceder, ao menos se pode continuar, continuei, a esmo. Parei para olhar pra trás e não tinha volta, não tinha como voltar. É como se o vento que fechasse o portão atrás de mim estivesse me expulsando, eu não era bem vinda à minha própria casa. Fui então procurar um outro lugar pra morar, e estou aqui, até hoje procurando, sentindo saudades de casa e com uma imensa raiva dos ponteiros do relógio que me obrigaram a levantar da cama, com raiva das efemeridades da vida enquanto eternizava meus sentimentos e ainda com mais raiva da minha coragem que me empurrou pra fora de casa, e do vento que me tornou uma sem teto, jogada na rua.
     Posso ir aonde quiser e me perder em qualquer beco ou esquina, às vezes faz um frio terrível.

Andressa Liz

domingo, 17 de novembro de 2013

Rosas

Nunca gostei de rosa
Sempre gostei de rosas
Mas detesto rosas rosas
porque é redundante.
Sempre gostei de algodão-doce
mas do branco
porque era um pedaço de nuvem
nunca de azuis, nem de amarelos
pois de azul já bastava o céu
e de amarelo já bastava o sol
e nem de rosas, pois era rosa.
E das rosas eu só gostava das vermelhas,
nunca das brancas, nem de amarelas
pois de branco já tinha o algodão-doce,
e de amarelo prefiro girassóis
e nem das rosas,
porque é redundante.


Andressa Liz